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sexta-feira, julho 23, 2010

Batismo

Dar nome às coisas nunca foi uma tarefa muito dificil pra mim. Já tive oportunidade de batizar alguns animais de estimação, uma afilhada e até ajudei a escolher o nome dos meus irmãos. Mas quando resolvi criar esse blog, tive um bloqueio. Não conseguia pensar em nenhum nome que transmitisse a minha essência. Mas afinal, o que eu quero dizer, o que eu tenho pra dizer? Aquilo que eu digo faz sentido (pra quem)?

É aí que está todo o mal... nas palavras. Como é que podemos nos entender se nas palavras que digo eu ponho o sentido e o valor das coisas como elas são dentro de mim; enquanto quem as escuta percebe inevitavelmente com o sentido e o valor que elas tem pra ele, do mundo que ele traz dentro de si? Acreditamos entender uns aos outros, mas não nos entendemos jamais.

Devaneios a parte, eu ainda precisava de um nome. Fui buscar na música, a poesia em forma viva, melodia, sensação. Comecei em Adriana, Marisa, Vanessa, Tiê; mas nenhuma me inspirava de forma completa. Resolvi tentar Chico, que acabou me remetendo à Tom, e me deparei com ‘Luiza’. Pronto, achei um belo nome: Pra Te Esquecer Luiza.
Não. Também não.

Resolvi me entregar as palavras de Clarice. O mistério, o estranho, a cosmovisão de Clarice. Aquela que chega a assustar, pois parece saber mais de mim que eu mesmo. Aquela que devorava a si mesma.

“Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então.”

Nessas palavras, encontrei aquilo que procurava. O conjunto de palavras que resume aquilo que constantemente tento dizer: deixa me ser o que quiser, falar sobre o que quiser, fazer o que quiser, deixa me ser, então. E tente não me entender. Entender é questão de sentido, de sentir... ou toca ou não toca.

E pensar que esse texto era pra falar sobre liberdade...