Páginas

segunda-feira, agosto 16, 2010

A Dor do Saber

“Só sei que nada sei.”

É assim que abro este texto, com esta ilustre frase de Sócrates que expressa aquilo que sinto. O conhecimento para mim é algo fundamental, é a força motriz de toda a minha existência. E quanto mais amadureço no meu mundo pessoal/acadêmico, mais eu percebo a importância do saber pro ser humano.
E gente, saber dói. E muito. Talvez mais que a dor do amor.
Este final de semana participei de um curso muito rico, organizado pelo Centro de Seleção da Universidade Federal de Goiás, cujo intuito era qualificar a nós participantes, como corretores aptos à corrigir e julgar os textos dos alunos participantes do processo seletivo da referida universidade.
Passei dois dias inteiros apurando meus critérios, meus conhecimentos sobre língua, sobre texto, sobre a linguagem como um todo e principalmente, sobre a lisura do processo de seleção da ufg, no que tange a redação.
Junto comigo, professores da rede publica estadual, municipal, mestrandos, mestres e até doutorandos em lingüística. E lá estava o Talles, o único aluno da graduação na sala 6. Meu primeiro pensamento foi: putz, não vou nem pensar em abrir a boca aqui no meio de tanta gente com graduações maiores que a minha. E não foi assim que sucedeu.
Os temas foram surgindo, cada um tecendo os seus comentários e pontos de vista, e quem diria, o Talles, aquele aluno da graduação participando de forma ativa, tecendo comentários e seguro daquilo que dizia sobre a linguagem, sobre concepções de linguagem, linguagem como espelho do pensamento, instrumento de comunicação, processo de interação, sobre o que é texto, o que é discurso, Bakhtin e os gêneros textuais, Koch e Travaglia falando sobre texto, coerência, coesão, adequação de língua, Geraldi e sim, entramos na Análise do Discurso Francesa e ainda falamos de Focault e Peuchex.
Sabe quando você para pra pensar que você sabe sim muita coisa, mas ao mesmo tempo você não sabe nada? É assim que me sinto, é assim que os estudos sobre a linguagem me fazem sentir. É como se fosse uma droga causadora de dependência. Eu preciso buscar mais, eu preciso de mais leituras, mais estudos, outros pontos de vista, e acima de tudo, eu preciso trocar experiências, trocar o meu próprio discurso com o outro, pelo outro. E daí eu volto pra terceira concepção de linguagem, vista como um processo de interação. Que processo viu!
Pode ser muita pretensão da minha parte acreditar que com 27 anos já estarei com meu título de Doutor em Línguistica, mas tudo que faço é em prol dessa minha jornada. E olha, mais uma vez volto a dizer o quanto dói. Dor física, mental. É um sofrimento dormir e acordar pensando na magnitude da linguagem; é querer abraçar o mundo dos conhecimentos lingüísticos mesmo sabendo que é humanamente impossível.
Além do amor por esse objeto de estudo, estou partindo de um pressuposto (ou posto) maior que a busca pelo conhecimento também se caracteriza como um processo de libertação. Pra mim essa libertação é mais que política, filosófica, é uma libertação pessoal, de rotinas, de padrões.
Enfim, eu poderia ficar horas falando sobre as minhas idéias sobre o conhecimento. Dizer mais sobre meus planos, sobre meus anseios e medos nesse plano tão subjetivo... será subjetivo mesmo? Daí eu posso citar Piaget que diz que o subjetivo é tal real quanto o objeto. Correndo o risco de pecar ao longo dessa minha jornada, correndo o risco de ficar louco (e eu falo sério), eu vou seguindo nesse mesmo caminho.
E sim, sou um aluno de graduação, um professor, um pesquisaDOR e acima de tudo, sou um ser humano que sempre almeja por mais, tanto pra mim quanto para o outro. E mais ainda, sou APAIXONADO pelos estudos da linguagem, esse sistema tão simples e tão complexo e dotado de tamanho poder. E só pra me gabar mais um pouco, lembrem-se que não existiria sociedade sem um sistema lingüístico.

Um comentário: