Dar nome às coisas nunca foi uma tarefa muito dificil pra mim. Já tive oportunidade de batizar alguns animais de estimação, uma afilhada e até ajudei a escolher o nome dos meus irmãos. Mas quando resolvi criar esse blog, tive um bloqueio. Não conseguia pensar em nenhum nome que transmitisse a minha essência. Mas afinal, o que eu quero dizer, o que eu tenho pra dizer? Aquilo que eu digo faz sentido (pra quem)?
É aí que está todo o mal... nas palavras. Como é que podemos nos entender se nas palavras que digo eu ponho o sentido e o valor das coisas como elas são dentro de mim; enquanto quem as escuta percebe inevitavelmente com o sentido e o valor que elas tem pra ele, do mundo que ele traz dentro de si? Acreditamos entender uns aos outros, mas não nos entendemos jamais.
Devaneios a parte, eu ainda precisava de um nome. Fui buscar na música, a poesia em forma viva, melodia, sensação. Comecei em Adriana, Marisa, Vanessa, Tiê; mas nenhuma me inspirava de forma completa. Resolvi tentar Chico, que acabou me remetendo à Tom, e me deparei com ‘Luiza’. Pronto, achei um belo nome: Pra Te Esquecer Luiza.
Não. Também não.
Resolvi me entregar as palavras de Clarice. O mistério, o estranho, a cosmovisão de Clarice. Aquela que chega a assustar, pois parece saber mais de mim que eu mesmo. Aquela que devorava a si mesma.
“Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então.”
Nessas palavras, encontrei aquilo que procurava. O conjunto de palavras que resume aquilo que constantemente tento dizer: deixa me ser o que quiser, falar sobre o que quiser, fazer o que quiser, deixa me ser, então. E tente não me entender. Entender é questão de sentido, de sentir... ou toca ou não toca.
E pensar que esse texto era pra falar sobre liberdade...
Viver, ainda nas palavras de Clarice, ultrapassa qualquer entendimento. E foi somente depois de compreender isso que as coisas tornaram-se um pouco mais... leves, pra mim.
ResponderExcluirGostei muito do texto e, enfim, do nome!
=)
Ótima escolha, o nome é perfeito e texto muito rico.
ResponderExcluirParabéns, serei leitor assíduo.
Gostei muito de ler o primeiro post talles!
ResponderExcluire tbm adorei o nome, faz todo o sentido que seja assim.
Vejo a sua preocupação com a estética literária e digo: Calma meu amigo, fique sossegado.
ResponderExcluirSe por definição "estética" se dirige primeiramente aos sentidos (estesia) e só depois à razão, devo dizer que no quesito sentido, me causou as melhores sensações e reflexões. Sinto-me compreendida!!
Agora quanto à razão, de maneira surpreendente se supera com lucidez e inteligência.
Expressa-se e faz Clarice inteligível, tão subjetiva mas inteligível se a enxergo através de você.
Tem uma terrível cobrança da minha parte, espero o melhor e espero ser surpreendida a cada novo post.
Da próxima vez virei aqui testar a minha subjetividade também, exigir o meu direito de ser, nessa minha nova casa.
Umbgs.
Sinto cheiro de futuro estudioso da literatura surgindo. Deixe ser Clarice. Deixe ser literatura em breve, menino.
ResponderExcluirBacana o nome, são palavrinhas bem amplas e significativas. Acho que nunca tinha lido algo seu antes, vou gostar do blog.
ResponderExcluirVocê reiventou lindamente as palavras de Clarice.
ResponderExcluirMal posso esperar pelo proximo post.
Lindo Honey.